Se..

 

Se você pudesse ter um encontro com você mesma, no passado, o que você diria?

Eu diria a mim aos dois anos que não adianta jogar as coisas no chão, fazer pirraça e chorar, regras são regras e devemos cumpri-las.

Aos cinco anos eu encontraria comigo um dia no colégio e diria que aquele menino não pode ser meu namorado, ele só pode ser um coleguinha com quem posso compartilhar parte do meu lanche.

Aos onze eu me diria que eu ainda sou criança e que não preciso ter pressa para viver o que estar por vir aproveitaria mais a minha infância e família para não me lamentar dez anos depois. Dormiria até tarde porque hoje tenho que acordar às seis para trabalhar. Entenderia que resolver as equações e inequações malucas da quinta serie não é nada perto da administração real da minha vida financeira.

Aos quinze eu ia querer sim ter minha festa de aniversário, dançaria valsa com meu pai, tiraria fotos com todas as minhas damas, teria o príncipe mais bonito do colégio do meu lado para rever meu álbum quinze anos depois e lembrar de como eu era feliz e amada.

Aos dezoito eu aceitaria as criticas da minha mãe e diria a ela que ela está certa quando diz que não posso acreditar em tudo que falam ou que tenho que tomar cuidado com que podem colocar na minha bebida se eu deixar meu copo sozinho.

Aos vinte eu diria que preciso dirigir com mais cautela, que preciso fazer uma reserva na poupança, usar camisinha sempre e nunca dizer para o cara que você ta muito afim que ele é tudo para você.

Aos vinte e sete eu escreveria um texto para fazer algumas pessoas refletirem sobre os efeitos que o tempo nos causa, a importância de viver cada momento com sabedoria, afirmaria que os mais velhos quase sempre têm razão e que no final do arco íris não tem um pote de ouro, mas você pode sim conseguir o seu com muito trabalho, esforço e perseverança. Diria que o amor existe, mas o mesmo tem muitas formas.

  Antes de dormir diria que nos próximos trinta anos vou reler esse texto pelo menos umas  duas   vezes ao ano para que aos oitenta eu consiga ter o registro da evolução da minha existência.

Roberta Queiroz